20 de set. de 2010

Pseudônimo - Versão 1


Foi quando o vi, entrando no corredor do avião, em direção a mim. Estava desconfortável. Há tanto tempo sonhando com a oportunidade, planejando o que iria falar. Agora tinha a chance e ela não aconteceria. Eu não me via levantando e indo falar com ele.
Era ele. Aquele pequeno ser humano, aquele mentiroso ser humano - a raça masculina.
Como me aproximar, oh, incógnita!? Como falar o que se passa no meu coração sem parecer uma idiota, provavelmente mais uma fã?
Lancei-lhe um breve olhar quando perguntaram-lhe se sairia da frente ou não. Voltei a mirar minhas unhas, os fones no ouvido - precisava me manter acordada até a comissária me chamar atenção. Meu vôo para a Tailândia teve de ser reabastecido na capital sul coreana, mas não acharia que o encontraria tão cedo.
Meu grande sonho sempre foi viajar para a Tailândia; desde pequena, tenho o sentimento de que é lá onde meus sonhos repousam. Todos os caminhos me levam até lá. E, sabendo que ele provavelmente estaria lá, preparei-me psicologicamente para não parecer mais uma fã sem neurônios. Iria manter a calma e falar exatamente tudo que sempre planejara. Mas agora ele estava a três fileiras de distância e o avião estava vazio - assim como minha mente.
"Como dizer tudo que sinto sem parecer otária?", perguntei-me novamente. Como falar do papel que ele desempenha na minha vida, da importância que ele possui - sem ao menos saber? Como descrever as sensações de vazio que sinto subitamente quando penso nele, a qualquer momento do dia? Como explicar o quanto entro em desespero quando olho para qualquer vídeo, qualquer foto e vejo que ele se perdeu?
Como explicar que ele não mudou, só se perdeu? E como ensiná-lo a voltar para casa, para seu verdadeiro "eu"? Como explicar que ele me afeta de uma forma tão indiretamente direta?

Quando dei por mim, já estava de pé. O sol já havia sumido no horizonte e agora só algumas estrelas cismavam em brilhar na escuridão do céu. Fui ao banheiro, lavei o rosto; não faria nada que fosse me arrepender depois. Queria muito abrir a porta e atirar-me em seus braços, tentando explicar-lhe que não havia um motivo certo para aquela explosão momentânea; mas ao mesmo tempo procurava me controlar - não consigo agir de forma direta, nunca conseguiria chegar perto. Ele era intocável.
- Com licença, - toquei na mão do rapaz que estava na poltrona do corredor e ele me olhou com um ar perdido. Provavelmente eu interrompera seu sono. - desculpa perturbá-lo, mas será que eu poderia conversar com Donghae... só um minutinho?
O homem olhou para Donghae, que nos olhava curioso. Segurava um boné vermelho nas mãos e me olhava meio curioso. Senti minhas bochechas ficarem rosas quando o homem encolheu as pernas, permitindo minha passagem - sentei-me na poltrona do meio e reuni forças para olhar para Donghae.
Ele era tão, mas tão bonito! Mesmo que aparentasse cansaço e seu rosto pálido e cheio de marcas me olhasse meio enviesado. Reuni todas as minhas forças e sorri.
- Oi. - falei, me odiando eternamente por ser tão idiota. Agora não sabia mesmo o que falar. Donghae me olhava, simplismente olhava, pensando quem era aquela maluca que ficara uns dois minutos só olhando. Provavelmente pensando se eu era mais uma ELF desregulada. - Desculpa interromper seu descanso, uh, me desculpe.
- Não precisa se desculpar. - ele sorriu. Reuni mais forças.
- Você entrou por aquela porta e eu me vi na necessidade de vir falar com você, eu simplismente precisava. - Provavelmente soou como uma ELF desregulada! Eu não podia agir assim mas estava. Será que para falar com ele eu sempre precisava respirar fundo internamente? - Prazer, meu nome é Deborah. Pseudônimo Aimée Lee.
- Prazer, eu sou o Donghae. Pseudônimo Aiden Lee. - ele deu um sorrisinho e apertou minha mão. Senti um pequeno choque percorrendo nossas mãos, foi fraco mas intenso. Na minha cabeça veio um monte de coisa sem nexo, mas mais embaixo, no coração, uma mistura de sentimentos fez uma tremenda salada de frutas, me deixando ainda mais confusa. Agora eu tinha ainda mais certeza de que conhecia Donghae, e não era falar da boca pra fora. Era sério!
Eu queria continuar apertando sua mão até minha mente formular uma resposta coerente quanto àquele sentimento, mas não queria segurar sua mão por mais tempo. Ele poderia achar que eu era uma maluca, como provavelmente estava achando, soltando da minha mão bem rápido. Mas sem perder o sorriso.
- Veio pedir um autógrafo?
- Não necessariamente. - tentei um ar menos formal, corando novamente. Apertei um embrulho com a bandeira do Brasil nas mãos. Era um tipo "guarda tudo", sei lá, foi eu quem "construí". Estava pensando nele e simplismente saiu. Claro que me furei mil vezes e quase perdi os dedos, mas era algo tão sem motivo que só me restava entregar à ele. Dentro dele estava um pequeno poema que uma vez escrevi, no meio de uma de minhas "crises de Donghae". São sentimentos muito estranhos, consistindo de angústia, desespero e de sensações horríveis, que me fazem chorar sempre que me atingem. Antigamente, um vídeo ou uma foto bastavam para me aliviar, mas rever os mesmos seria como um tipo de trapaça e os atuais me davam ainda mais certeza de que havia algo errado. E de que eu não poderia fazer nada para ajudar, nunca, nem em um milhão de anos! - Vim trazer isso. Estava indo até a Tailândia para te entregar, mas como não sabia que iria te encontrar aqui... - confessei de uma vez, apertando os olhos enquanto ele desdobrava o meu "guarda tudo", provavelmente tentando achar um "para que isso serve?".
Enquanto ele prometia que iria guardar com carinho, uma nova onda de sentimentos fez com que meu sangue fervesse e que eu começasse a sentir calor.
- Já não nos conhecemos? - ele perguntou.
- Bom, eu tenho você no Twitter, sempre te chamo de "bro", "brother" ou "irmãozinho", que é um diminutivo de "irmão". - mais uma confissão. Como me sentia uma babaca!
- Ah, sim. Você tem irmãos mais velhos?
- Tenho, mas considero você como um. - Cruzes, garota, pare de falar o que não deve! - Ahn... preciso voltar para o meu lugar antes que a comissária brigue comigo.
- Espere, não vá! - Donghae tocou na minha mão, e eu ansiei ardentemente que ele não percebesse meu calor e minha tremedeira. - Como... como é seu nome de usuário no Twitter?
- É dance_monkey. - relaxei, sorrindo. Ergui uma sobrancelha. - Vai me adicionar?
- Vou.
- Se eu te pedir uma foto, você ficaria chateado? - perguntei de uma vez, antes que não falasse nunca. Não era para pôr na internet, mas para poder lembrar de que, um dia, um grande desejo havia se tornado realidade. E que eu havia detonado com tudo.
- Claro que não! - respirei fundo quando ele me sorriu, erguendo o próprio celular. Escondido da comissária, ele apertou o botão de foto quatro vezes, borrando todas de uma vez. Era pior do que eu...
Donghae cheirava tão bem! E era tão gostoso estar perto dele! Era como se fôssemos amigos de longa data, ele me fazia rir, principalmente com seus comentários depreciativos a respeito de suas selcas tremidas. Eu tentei, mas era tão ruim quanto ele, e consegui arrancar umas risadas, até que o rapaz que estava do meu lado se sensibilizou e tirou as fotos.
- Desculpe tirar seu descanso! - repeti.
- Não tem problema, já disse! - Donghae sorriu, mas de repente me senti triste. Quando iria vê-lo de novo? Eu não queria ser uma fã chata, mas só queria que ele voltasse a ser ele. Não queria seu telefone, endereço, logins, senhas, nada. Só um Donghae menos entristecido. Me deprimia vê-lo daquela forma. E novamente todos aqueles sentimentos voltaram. Mesmo que ele sorrisse da forma que eu mais gostasse, ainda tinha vestígios de falsidade. Meus olhos se encharcaram novamente.
Segurei uma de suas mãos e pus minha mão direita em cima, olhando para elas e engolindo ao máximo o choro.
- Olha, sei que pode ser meio estranho o que vou falar agora, mas... - quando olhei para ele, parecia assustado. Claro, até eu ficaria se uma pessoa de repente parasse de rir e começasse a lacrimejar na minha frente. - Da próxima vez que sorrir... - começei, levando minha minha mão trêmula até seu peito - sorria com o coração - ainda me controlando, pus a mão em seu rosto, sentindo os pêlos de sua barba crescendo na sua bochecha direita - estiquei meus dedos até seus lábios. Era melhor falar logo antes que desistisse - e não com a boca.
Era isso, não aguentaria mais. Não queria chorar na frente dele, por isso levantei e voltei para o meu lugar, abrindo o cobertor que a comissária me dera e apertando-o em volta do meu corpo. Mil pontos de Idiotice para mim!
Aimée Lee, a besta.

Desculpe, Donghae, muitas coisas queria dizer a você. Só que todas essas coisas são impossíveis de serem colocadas em palavras.
Eu te gosto, mas não da forma geral. Gosto porque gosto, não tenho motivos mais sérios. Gosto porque gosto, você me faz sentir bem. Mas também me faz sentir muito mal, por favor, não transmita mais esses sentimentos para mim. Qualquer dia desses, é capaz de eu não conseguir aguentar! Sua tristeza é a minha decadência; não posso exigir que você seja feliz todos os dias. Só quero que você pare de fingir tanto e pelo menos uma vez dê o seu sorriso verdadeiro e fale com o coração.
Sou dividida em duas: em você e em mim. Parece exagero, mas quando falo que você já é parte de mim, não é brincadeira. Pareço sentir o que você sente, e isso reflete no meu exterior. Se você está feliz, estou impossível; se você está triste, estou triste; se está sofrendo, enlouqueço.
Seu verdadeiro "eu" precisa aparecer de uma vez. Não por fotos ou vídeos, mas em você.
Por favor, não me faça continuar sofrendo dessa forma!

xxx


Aimée Lee

4 comentários:

Roses disse...

Ohgod depois de ler Sometime no Lolli e chorar rios por culpa da TPM e dos problemas eu leio esse post e...e...choro de novo. Amanhã vou parecer um blob gigante de tão inchada, mas e daí? Eu sempre digo que você escreve de um jeito lindo que toca as pessoas e você não acredita ¬¬

Unknown disse...

Que lindo isso dong...

E esse post veio bem na hora emo da unni...e eu to qse morrendo de chorar aqui!

E vc sabe, q vc e o Hae são irmãos de alma, tenho certeza q qndo se verem vcs vão saber qm são...!

Anônimo disse...

Eu ja disse que vocês são irmãos cara.
Você é minha cunhada de espirito.
Eu odeio ver vocês dois dessa forma.. Que fico assim. Sofro assim, me desfaço assim.
Não tem nada que eu possa dizer que va fazer-te melhorar.
Mas saiba que eu entendo perfeitamente o que sentes, sabe disso.
Conversamos sobre isso.
E o texto esta realmente lindo.
E sempre que precisar eu vou estar aqui... Sempre.

Dolphin disse...

Deh ;~;
Eu chorei, mesmo.
Eu te entendo perfeitamente.
Espero mesmo que o Hae encontre o caminho de volta. ♥