20 de set. de 2010

Pseudônimo - Versão 2

Foi quando a vi. Sentada do lado direito de quem entra, do lado da janela, olhando para o sol brilhando - lá estava ela. Alguma coisa me dizia que era ela, tão famosa ela, tão conhecida desconhecida - ela.
Meus pés paralizaram no meio do corredor, meus olhos a focalizaram, procurando seu olhar perdido, procurando um sinal de reconhecimento. Mas eu não a conhecia; talvez ela me conhecesse, oh, dúvida. Eu sentia que a conhecia, eu sabia e tinha certeza.Então ela me olhou, no momento que a pessoa que vinha atrás de mim tocou-me o ombro, perguntando se eu iria sentar ou não; pedi desculpas desatento, seguindo meu caminho e sentando do lado esquerdo do avião, duas fileiras a frente, ao lado da janela. Com o canto de olho a observei mais uma vez, mas ela não me olhou. Não me reconheceu.
O avião pairou no ar como um pássaro, e seu barulho era como o de uma criança dormindo.
A viagem até a Tailândia seria longa, a noite seria longa. Por isso foquei-me em uma deliciosa cama, travesseiros fofos e cobertor verde, típicos do hotel que sempre ficamos quando venho para a Tailândia - o Park hyung e eu. A equipe já se encontrava por lá e seria só eu novamente naquele país de altas temperaturas.
- Com licença. - ouvi próximo ao hyung, e tirei meu boné do rosto por dois segundos. Era ela, abaixada perto de Park, murmurando qualquer coisa rapidamente. Ele lançou um breve olhar para mim e ela passou, sentando-se na poltrona vaga entre nós.
Observei-a. Seus cabelos ondulados estavam presos em um rabo de cavalo, e algumas mechas caíam-lhe pelo rosto. Seu rosto era ovalado, seus olhos me olhavam com uma intensidade interessante. Era ela.
- Oi. - ela sorriu e um sentimento de reconhecimento invadiu minhas veias. Eu não entendi de onde poderia surgir algo tão forte quanto aquilo, mas eu simplismente não podia evitar. Minha única saída era continuar olhando para ela. - Desculpa interromper seu descanso, uh, me desculpe.
- Não precisa se desculpar. - tentei sorrir, provavelmente não convencendo.
- Você entrou por aquela porta e eu me vi na necessidade de vir falar com você, eu simplismente precisava. - oh, não, provavelmente uma fã! Ela esticou sua mão. - Prazer, meu nome é Deborah. Pseudônimo Aimée Lee.
- Prazer, eu sou o Donghae. Pseudônimo Aiden Lee. - e apertei sua mão. Novamente o sentimento de reconhecimento, dessa vez mesclava-se à saudade, provocando um breve choque. Queria soltar de sua mão para esse choque desaparecer, mas ao mesmo tempo queria continuar apertando-a; não queria que ela fugisse. - Veio pedir um autógrafo?
- Não necessariamente. - ela sorriu novamente, senti meu rosto queimar de leve. - Vim trazer isso. - ela esticou um pequeno embrulho, um pano dobrado - e eu o desdobrei, revelando uma pequena bandeira do Brasil. - Estava indo até a Tailândia para te entregar, mas como não sabia que iria te encontrar aqui... - ela sorriu de novo.
Tentei entender aonde era para colocar aquele pedaço de pano, porque não era tão grande quanto uma bandeira mas não era tão pequena para não dar valor. Bom, eu continuava sem saber o que fazer, mas prometi guardar com carinho. O meu principal objetivo era entender de onde vinha aquela sensação. Era um misto de saudade, angústia, lágrimas, felicidade - não imaginava que alguém poderia sentir tanta coisa junta.
- Já não nos conhecemos? - perguntei, esperando que ela desse fim ao martírio do meu interior.
- Bom, eu tenho você no Twitter, sempre te chamo de "bro", "brother" ou "irmãozinho", que é um diminutivo de "irmão".
- Ah, sim. - Não era bem isso que eu esperava ouvir, mas agora entendia aquela palavra tão diferente. - Você tem irmãos mais velhos?
- Tenho, mas considero você como um. - ela deu de ombros. - Ahn... preciso voltar para o meu lugar antes que a comissária brigue comigo.
- Espere, não vá! - toquei sua mão próxima da minha. Eu sentia uma necessidade enorme de tê-la ao meu lado e saber que ela teria de partir, mesmo que fosse para três fileiras antes da minha, quebrava meu coração. - Como... como é seu nome de usuário no Twitter?
- É dance_monkey. - ela deu um breve sorriso. - Vai me adicionar?
- Vou.
- Se eu te pedir uma foto, você ficaria chateado? - meu sorriso saiu quase que instantâneo. Eu ia pedir exatamente a mesma coisa, era como se ela lesse meus pensamentos.
- Claro que não! - ergui meu telefone, ela se aproximou. O cheiro do seu perfurme de morango era inebriante e os cachos de seus cabelos desprenderam-se, caindo em seu rosto e deixando-o ainda mais bonito. O manager Park virou fotógrafo nas duas próximas fotos, que o fez sorrindo. Normalmente ele reclamaria, mas ele parecia estar de bom humor.
- Desculpe tirar seu descanso!
- Não tem problema, já disse! - sorri novamente. Procurei seus olhos, procurando por uma resposta de por quê ela me cativava tanto. Quando os encontrei, estavam encharcados.
Parei de sorrir, senti vontade de chorar - por que? Sei que tenho um coração meio mole, mas nunca havia sido tão rápido. Simplismente não conseguia parar de olhar para ela, e seu ar triste me afetava de tal forma que sentia meus olhos enchendo-se de lágrimas.
- Olha, sei que pode ser meio estranho o que vou falar agora, mas... - ela ergueu seus olhos para mim, olhando fundo nos meus. Eu não piscava. - Da próxima vez que sorrir...
Ela ergueu a mão até tocar meu peito: - Sorria com o coração - acompanhei sua mão indo até meu rosto, repousando na minha bochecha, seu polegar tocando meus lábios devagar. - e não com a boca.
E se levantou, piscando ao sorrir. Duas lágrimas pularam de seus olhos, caindo sobre os joelhos de minha calça.
Mais duas pularam dos meus olhos. Havia um significado muito importante naquelas palavras e elas haviam me acertado fundo. Estava doendo. Foram intensas, sábias e bastante interessantes - como uma completa estranha consegue me fazer sentir daquela forma?
Minha vontade era de levantar do meu lugar e perguntar o por quê daquelas palavras, mas ela tinha razão.
Ela tinha razão!
E não sabia o quanto!

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Voltava para Seul dias depois, em outro vôo noturno. As atividades com o grupo iriam recomeçar e posso garantir que sentia um pouco de saudades deles.
E posso afirmar, com todas as palavras, de que a frase de Deborah ecoava na minha cabeça o dia inteiro. Se não tivesse tanto significado, passaria batido, como muitas coisas que escuto, mas não foram somente "palavras". Eram palavras a serem levadas em consideração. Palavras com tanto sentido que chegavam a me assustar. Novamente, como uma estranha me conhece tão bem a ponto de compreender o que se passa no meu coração? Sempre me julguei um bom ator e realmente o sou. Mas não sei, tinha alguma coisa nela que fez todo o meu conhecimento sumir como uma brisa de verão. Eu não conseguia fingir, estava aéreo. Não estava Donghae.
Dentro do pano dobrado havia uma folha de papel, com escritos em um coreano ruim mas com um inglês impecável. Aquele poema acompanhou-me durante dias, todos os dias que passei na Tailândia, e aquelas palavras ficaram tão gravadas no meu subconsciente que viraram tatuagem.
For A Reason...

Voltava do banheiro quando passei por uma fileira ocupada por apenas uma pessoa ao lado da janela. Usava meias que não combinavam, enrolada em um cobertor da companhia aérea e mirava a escuridão do lado de fora.
- Também gosto de usar meias que não combinam, mas prefiro cores como verde e laranja.
Deborah olhou para mim surpresa, eu a olhei surpreso, mas sorri. Talvez fosse o destino.
- Que faz aqui?
- Pegando o vôo de volta para Seul, e você?
- Trocarei de vôo em Seul. - respondeu baixo.
- Gostou da Tailândia?
- É um país muito bonito, mas ainda prefiro o meu. - sorrimos. Ela apertou os braços em volta das pernas dobradas em cima da poltrona. - Desculpa por aquele dia.
- Não precisa agradecer, na realidade - confessei - eu que preciso agradecer. Você me fez perceber o quão caricato eu estava.
- Sério? - ela parecia cética.
- Nunca alguém usou de palavras tão simples para que conseguisse me atingir lá no fundo.
- Desculpe se te machuquei, não foi minha intenção!
- Você usou das palavras certas. Irmãzinha! - brinquei. Ela sorriu. - Muitas coisas andam acontecendo na minha vida, e é preciso que eu me adapte às situações, já que elas não se adaptam a mim. - confessei, finalmente olhando para ela. - Perdi meu caminho de volta para casa.
- Você nunca perde o caminho de volta pra casa, Donghae. É só seguir as setas que existem dentro do seu coração. Elas te guiarão até sua verdadeira felicidade, ao seu verdadeiro "eu".
- Como você consegue? - perguntei, tentando quebrar um pouco do clima lacrimoso. Ela sorriu, secando uma lágrima. - Sabe usar bem as palavras, tanto que conseguiu me atingir bem no coração!
- Eu não te conheço, Donghae. Você é um completo estranho para mim. Mas lá no fundo eu sei o que te aflige e o que te dói. Eu sinto. E me considero uma pessoa horrível de não estar por perto quando você está triste. Mesmo dormindo, eu sei quando você está angustiado, precisando conversar. Minha vida segue em frente, mas lá no fundo eu sei que alguém que possui muitos dos mesmo sentimentos que eu precisa de uma mão amiga para prosseguir na estrada da vida. Eu queria ser essa pessoa, mas os limites geográficos não me permitem. - eu ri um pouco com a última frase.
- Como consegue me entender?
- Porque muita gente acha que entende o Donghae para Exportação. Ninguém quer conhecer o Donghae para Importação. Eu conheço alguns defeitos mas não o bastante para ser algo mais. Não é uma atração de homem e mulher. É muito mais do que isso. Simplismente sinto; não existe explicação.
- Eu também não consigo explicar... - muitas coisas.
Deborah virou-se para a janela, apertando-se no cobertor. Instintivamente levantei o apoio de braço, pegando um travesseiro jogado na poltrona do lado para mim e a abraçando contra o meu corpo. Juntos, pegamos no sono.

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donghae861015 Back to Seoul! Had a great time in Thailand! Have a great day!
2 minutes from web


dance_monkey @donghae861015 Have a great day, bro
half a minute from web



donghae861015 @dance_monkey Love you, sis
less than 10 seconds ago from web


Aimée Lee

2 comentários:

Roses disse...

Não faz uma coisa dessas com unnie de TPM! /chora

Priscila (Pryh) Santos disse...

Quando eu descobrir por qual motivo estou chorando eu te aviso...
naõ sei nem o que dizer na verdade, mais fico feliz que mais alguém entenda, e tbm por te entender <3