9 de nov. de 2011

Reencontro

Praia. Finalmente havíamos nos reencontrado, meses depois de trabalho árduo. Só, novamente. Ninguém quis vir comigo mas não me importava. Muito. Havia marcado dali a dois dias com um colega e bem, precisava aproveitar.
Sentei-me na areia, para início, puxei meu livro - mas não tinha vontade de ler. Sentia vontade de algo diferente... então puxei minha canga e fui para a Pedra, onde tinha uma boa vista do mar e lá me sentei. E então, comecei a colocar a mente em ordem, os pensamentos mais corridos em ordem; não estava muito no "clima" mas era necessário antes que pirasse. Nesse momento, pensei que era ótimo estar só.

Tinha alguém que eu amava, ou melhor, ainda amo. É algo meio estranho de colocar em palavras mas ainda assim, até olhar o mar por aquele ângulo me fazia lembrar dele. O cara que amo, quer dizer. Tivemos um início errado, que se prolongou por tempos sendo "errado". Mesmo conversando, apenas agora, meses depois, foi que aprendi a sumir com esse sentimento, e acho que ele também aprendeu a ser assim. Brigamos e voltamos muitas vezes, e ao mesmo tempo que sei que poderia apenas deixar de lado, algo me prende. Não sei bem o que seria, mas acho que é amor.
Inúmeras vezes passei a limpo todos os sentimentos. Será que gostava dele porque me passava seguraça? Amizade? Carinho? Ou muito mais? E em todas essas vezes eu achei a mesma resposta: Amor. Com todos os seus defeitos e qualidades, manias e teimosias, ainda assim ele é alguém especial demais pra mim. Se temos a oportunidade de nos vermos por dez minutos que seja, dou um jeito de chegar com quinze minutos de antecedência; se ele confirma sairmos depois de alguma atividade, sou capaz de esperar por horas a fio, motivada apenas pela vontade de ver e estar com ele... Quando estamos bem, me dá uma sensação de paz, que simplesmente todo o ciúme, todo aquele sentimento ruim de tristeza e melancolia, vai embora. Acordo sorrindo, passo o dia sorrindo e quando tem algo ruim que acontece, lembro de como estamos e isso me anima novamente. Mas quando estamos brigados, perco todo o equilibrio. Já fui de afundar muito mais; agora, não tanto. Apenas fico bem triste, algumas vezes choro.
O que acontece desde Sabado é a minha idéia de momento perfeito. Sabado estavamos brigados e mesmo ele me fazendo esperar durante quase seis horas no mesmo lugar (e fiquei porque quis; alguns momentos penso que foi besteira, mas outras, em sua grande maioria, não vi nenhum problema...), ficamos bem novamente. No dia seguinte, me senti alguém especial, pelo menos na vida de alguém, depois de tantos anos ouvindo que "gostavam de mim enquanto machucavam"; Ontem, larguei tudo que estava fazendo, toda a minha tarde de folga, o restinho dela - e fui acudí-lo.Dei-lhe tudo que precisava: ajuda, amor e carinho e novamente me senti especial para ele. Amo esse rapaz - e não desistirei, não agora, quando tudo parece estar caminhando para o bom momento...

Joguei-me no chão, deixando que o calor do sol continuasse a me envolver, agora por completo. Sentia o quente em meus braços e pernas mas não tinha motivação para levantar. E a pedra continuava muito dura, machucava minhas costas, mas eu fingia que não me importava. Já havia sido machucada muitas outras vezes para sentir qualquer dor física...

Perdera muitas pessoas bacanas para o outro plano, e perdera muitas amizades por bobeiras. No total, as piores perdas presentes foram três; uma delas, com um pouco de esforço, consegui recuperar. Eu simplesmente não conseguia mais me imaginar brigada com alguém que era minha melhor amiga, e havia sido momentos escuros demais para se recordar. Fingia-me de feliz quando o que mais queria era sair correndo de vê-la, jogar-me aos seus pés, pedir perdão - não foi necessário isso. E hoje, nossa amizade ficou ainda mais forte.
As outras duas, infelizmente, não teve o mesmo desfecho. Uma dessas duas amizades restantes, mesmo dizendo que me perdoa, não o realmente fez. Diz que precisando é só chamar e das vezes que o fiz, fui tratada com ignorância e por que não, um pouco de maldade. Por muito tempo isso me incomodou tanto que me deixava mal com aquele cara do começo, que eu amo, porque eles são conhecidos e amigos. E realmente segui teu conselho: quando precisei, quando dei por mim, estava pedindo que ela juntasse toda a raiva que sentia de mim e me baesse. Ela não o fez. Conversamos no frio por quatro horas, algumas vezes ríamos mas estávamos definitivamente distantes. Querendo ou não, acho que está na hora de aceitar qu, lá no fundo mais profundo, sinto sua falta.
A terceira, mais recente, terminou porque cansei de ouvir que somente ela stava certa e eu, sempre errada. Quando estava feliz, ra 'bom, mas cuidado pra não se estrepar" e quando estava triste, era "bem feito, eu avisei". Ela esqueceu, provavelmente, que quando a situação era inversa ou seja, quando eu a escutava, eu nunca falava coisas do gênero e sempre a confortava; cansei. Explodi. Sinto falta dela, mas não tenho mais pique para pessoas que dizem que estou errada. Aguentei isso durante anos de minha vida, cansei.

O sol agora entorpece minha perna, sinto muito sono. não sinto mais vontade de levantar ou me mexer, apenas continuar lá. Estico meu braço no rosto para protegê-lo, e queimo o braço. E dói um pouco. Não consigo mais sentir vontade de nada...

Minhas relações familiares, cada vez piores. Como antes, cansei das pessoas me dizendo o que fazer, como fazer e dizendo que estou sempre errada. Cansei de abaixar a cabeça e por isso, minha paciência com aqueles que proporcionavam isso na minha vida foi por agua abaixo, como por exemplo minha tia; finjo que ela não existe mais. Nunca me esquecerei do abandono que ela me ocasionou quando era uma pré adolescente, me tratando e dando coisas apenas como desculpa de que 'tinha lembrado de mim'. Era quase como a cena do pai da Matilda, do filme, dizendo a ela que iria apra a escola no dia seguinte; ela corre para abraçá-lo, feliz, e ele começa a repelir Matilda. Algo por aí.
Meu pai continua sem falar comigo por alguma bobagem, o qual ele quer que eu assuma um erro que não cometi para que seu "ego" fique intacto; já tem mais de um mês. Finjo que não me importo, trato ele normalmente, mas não deixo de me sentir incomodada demais. Minha mãe é o meio termo; ela fala com os dois, normalmente, e também acha que eu devo assumir meu "erro", por algo que não fiz.

- Que cê tá fazendo nesse sol sem protetor? - escuto uma voz e sinto uma sombra no meu rosto. Abro os olhos devagar e vejo aquele cara novamente, o de cabelos negros, curtos e meio espetados. Ele parece irritado. - Anda, levanta daí e vamos pra sombra.
- Não.
- Pretende morrer de insolação, é? - ele puxa meu braço e me obriga a levantar, meio que arrastando pela pedra, e isso sim doeu. Levantei, meio irritada; meus planos de uma morte tostada não deram certo.
Andamos até um quiosque e ele pediu duas aguas de coco. Cruzei os braços enquanto ele pegava um canudo e sentava na minha frente.
- Por que você aparece nas horas que eu não quero?
- Porque eu quero.
- Você é algum tipo de stalker? Se voce quer meu autografo, avisa, foto, sei la, mas me deixa em paz, sim?
- Não acho que seja tão fácil - ele tomou um gole. - Anda, toma, você está desidratada. - Fiquei quieta mas irritada, tomei um gole, porque estava com calor. Ele se recostou na cadeira - Olha, eu não sei bem qual é o problema, mas não justifica o que você estava fazendo ali.
- Seu nome é Aiden, não é?
- Sim.
- Olha, "Aiden", tenho problemas demais, e não creio que ninguém possa me ajudar.
Ele ficou quieto por um momento, enquanto tomava mais um gole de agua de coco.
- Realmente, eu não posso te ajudar. Mas posso ser seu amigo e te escutar e te dar um abraço de conforto sempre que precisar.
Ri com desdem.
- Ah, sim, claro, você mora do outro lado do planeta e quer vir me dar um abraço.
Ele ficou pensativo, tomou mais um gole de agua de coco.
- Realmente. Mas é só pensar em mim que estarei aqui. Talvez não pessoalmente mas sempre aqui. - fiquei quieta. - Você se esqueceu do nosso trato no avião, eh?
Fiz bico, olhando para a pista de bicicletas, onde uma menininha aprendia a andar de patins. É, tínhamos feito uma promessa tácita, de que sempre estaríamos ali, um para o outro. Conectados pelo coração.



- Agora preciso ir. - disse ele, tomando um último gole da sua agua de coco. - Lembre-se que estarei aqui, não importa o momento, a hora, se a situação permite ou não. Capiche?
Fiz um protótipo de bico.
- Capiche?
- Tá, tá!
Ele sorriu, dando um sorriso de canto de boca antes de contornar a mesa e me abracar.
- A gente se fala, irmazinha!

E entao, como um daqueles momentos que voce sabe que esta bebado, ele sumiu no meio do dia claro. De inicio achei que fosse por causa do sol mas o coco vazio na minha frente dizia o contrario.

Aiden... por que voce... de novo?

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