5 de jul. de 2010

Trouxa?



Às vezes me pergunto se tenho cara de trouxa. Cara de alguém previsível, daquelas que você revira os olhos e diz "oh, não, lá vem ela novamente".

Tem gente que acha que o que eu falo é positivamente ciúmes, mas nunca pensam que pode ser algo relacionado ao que eu realmente sinto. Estas pessoas acreditam que "vamos esquecer o assunto" realmente encerra o outro e, quando percebem que eu não esqueci ou que eu "ignoro", ficam chateadas e pensam "eu tenho quase certeza do que é", e, em outras palavras, podemos chamar isso de "ela e o ciúme dela!".

Quando me abro com alguém, espero que essa pessoa não bata nas minhas costas e diga "você tem razão", assim como "você está errada", e que me ajude, pelo menos, a descobrir uma maneira menos ruim de resolver as coisas, porque, a depender de mim, eu paro de conversar mesmo. Gosto de pessoas que sejam imparciais, não aquelas que dizem "estou sendo imparcial" quando na verdade não está.

Vou contar uma história. Alguns meses atrás (março), eu me aborreci muito com uma pessoa e cheguei em casa muito mal. Já tinha reparado que, sempre que juntava essa pessoa em questão e mais três ou até uma - colega em comum, eu ficava a ver navios. Eu sou uma pessoa que fala mesmo, faz piadas mesmo e é palhaça mesmo, então se eu estou quieta, desconfie e me sacuda, tem algo errado.
Seguindo. Quando cheguei em casa, contei para uma amiga (?) minha o que eu estava sentindo e ela me prometeu ser imparcial. Só que ela pode ter dito que estava sendo, mas eu não vi. Ela meio que ficou dando razão às tais meninas e, pra ser bem sincera, eu até hoje não engulo. Eu não quero que ela me diga "você tem razão, Deborah, elas são mesmo as erradas disso tudo", eu só queria que ela me ajudasse a resolver isso, já que ela conhece as pessoas em questão.
Resolvi fingir que não tinha lido (foi por msn esse papo) as palavras dela e segui com o conselho da minha mãe ("Se te faz mal, pára de conversar. É até melhor pra você, do que ficar nessa depressão toda" - fiquei uns bons dias muito mal mesmo, chorando pelos cantos, me recusando a sair de casa e me achando uma idiota por sentir o que estava sentindo - eu já explico isso).
O que eu não engulo mesmo é que essa "amiga" tomou partido por outra causa de outra amiga dela. Não considero ciúmes, entende, mas acho que eu também tinha o direito de pelo menos não ter meus sentimentos jogado na lama. Essa amiga da amiga também se magoa fácil, e ela (minha amiga) ficou tão irritada que ficou possessa por uns bons dias. Não estou dizendo que ela não tinha o direito, mas eu queria que pelo menos ela não fizesse o que fez e achasse que era besteira da minha cabeça me sentir mal. E dizer ainda que estava sendo imparcial.
Adiciona o que todo mundo me fala quando me queixo de algo que estou sentindo: "É porque você não está trabalhando, estudando, estagiando, daí você cria situações na sua cabeça". Situações, sei. Dá uma tremenda vontade de magoar mesmo e, quando vir falar o que está sentindo, falar o que me disse e pisar com um sapato bem pontudo no mais roxo da dor.


O que acontece é que, se eu não sigo alguma coisa, por exemplo, um fandom, sou solenemente ignorada. Por exemplo, conheço você por Super Junior e junta todo mundo que curte Super Junior. No meio do papo surge, sei lá, DBSK, bom, eu não sou tão fã. E o papo vai a todo vapor, e eu fico na minha, afinal, eu não gosto mas estou escutando, não sou surda. Eu não sou mal educada que fica de cara feia, mas eu fico, literalmente, na minha. Quieta, procurando alguma coisa pra fazer. E só reparam que eu ainda estou ali quando me levanto e digo "estou indo embora", que foi o que aconteceu no mês de março.
Da mesma forma que tem gente que não curte Westlife, tem gente que não curte Crepúsculo. Por algum acaso eu afasto quem não curte Westlife, não ligando pro que essa pessoa gosta ou não? Eu SEMPRE tento integrar todas as pessoas que eu conheço, quanto mais gente no grupo, melhor. Foi assim na minha pré-adolescência, as Ferrugens, TribaHorríveis e os Braços tinham mais do que estudar todo mundo na mesma classe, em comum. Eu tinha mais interação com a Thaíz, afinal, nos conhecíamos desde os 5 anos, mas isso nunca nos impediu de juntar todo mundo, até a Jaque, roqueira pra caramba, de "Sou Nirvana da cabeça aos pés", veio pra perto.

Daí te pergunto: expor o que você está sentindo, que você se sente incomodada e deixada de lado, abstraída e que isso te magoa - é coisa ruim? Porque, ao que parece, É.

Da mesma forma que alguém diz "é difícil", "não consigo" sem ao menos ter tentado. É difícil? É! É complicado? É! Mas você acha que as coisas são fáceis? Você acha que Michael Jackson chegou ao status de Rei do Pop como, partindo um pedaço de bolo de chocolate?

Então, quando paro ou vou parando aos poucos de conversar com as pessoas, elas ficam sem entender o que aconteceu pra que isso tenha acontecido. Eu não falo o que me magoa; eu engulo e empurro com a barriga. Mas quando a coisa não desce mesmo, não tenho como empurrar com água, com suco, até com cabo de vassoura. Não rola.
Ou pior, eu falo e é entendido como "ciúmes".

Como diz minha mãe, o ser humano não quer ouvir o que os outros dizem e o que os magoa. E sim o que é bom para o seu próprio umbigo.

De insensível, já tenho o meu pai, que não aceita que eu fique triste e quer que eu sempre exiba uma cara feliz. De insensível, já tenho minha tia, que é outra que "se a vida te deu limonadas, corte-as em formato de arma e enfie na bunda das pessoas".

O que eu quero é alguém que me diga, "Poxa, Deborah, que chato, mas elas estão erradas por isso isso e isso e você está errada por isso isso e isso". E não alguém que diz que vai ser imparcial, aparente o contrário e depois diga "eu estava sendo, você queria o que, que eu desse razão a você?" - e que tivesse pelo menos o mínimo de respeito pelas coisas que eu sinto.

1 comentários:

Roses disse...

Eu sou péssima dando conselhos, ainda mais sobre gente/coisas que não conheço, então se por acaso eu estou no meio das pessoas que você mencionou, sorry! Se não estiver, bom, aí você sabe que estou sempre disposta a ouvir o que for, mesmo que não tenha muito a falar sobre o assunto.