27 de mai. de 2015

Escotismo - Minha saída, minha escolha, minha decisão

Sei que faz um bocado de tempo que não posto aqui. Hoje estou particularmente na merda absoluta. Minha cara está inchada, não durmo há dois dias e vomito tudo que como.

Mas não vim falar do motivo pela qual não durmo ou não como. Vim falar do motivo pela qual larguei algo que amo tanto - o Escotismo.

Já aviso que o post será escroto. Do tipo de falar palavrão e apontar dedos. Mas fique tranquilo que não darei nome aos bois. Acredito em carma e que o que é deles, está bem guardado. É questão de tempo.




Introdução

Quando eu era pirralha, eu era sozinha. Meus pais não me deixavam ir pra rua brincar com os meninos [inclusive, acho bonitinho porque são meus amigos até hoje - os meninos; as meninas sumiram e nunca mais vi]. Então minha única companhia eram os livros. Por isso tenho problema de visão, comecei a ler com três anos, porque achava um tédio não ter nada pra fazer. Por isso sou chamada de nerd até hoje, e por outros motivos mais [digamos apenas que, se você me perguntar qualquer coisa sobre Geologia, sei de cor - e foi assim que comecei a estudar Tailandês sozinha, com ajuda do lindíssimo Barsa - que os Sebos os tenham!].

Uma vez, vi um filme que retratava Escotismo e logo bateu aquele estalo: por quê não? Parecia ser bacana.

Mas não tinha um grupo perto de mim. Oh, bosta!

E me contentei, né.

Início

Quando conheci Marcelo, meu namorado, uma das coisas que mais me deixaram encantada foi saber que ainda existia escoteiro e que ele era um. E que, no grupo dele, precisavam urgente de uma chefe mulher. Não tardei a frequentar e bem... já se passaram quase cinco anos.

Meio - parte 1

No início eu tava cabreira, não nego. Tava com medo de fazer algo errado, ainda mais que sou toda melodramática e depressiva (comprovado por médicos, mas na época não sabia que tinha Depressão) e com medo de mostrar pras crianças, ainda mais que brigava constantemente com Marcelo. Sempre fui muito meticulosa nas coisas que faço, altamente perfeccionista, e isso me torna uma criatura chata.

Não é o "ah, tá falando pra fazer ceninha!"

Não. Eu sou chata mesmo. Beirando o insuportável.
De fazer autorização pro mês de Novembro em Abril e já querer entregar; frequentar reuniões de Ramo sempre que tivesse e exigindo cursos e reuniões de Ramo (a UEB - União dos Escoteiros do Brasil - deve ter me odiado um tempão; hey, explica porquê me consideraram pioneira até os 25 anos rs!). Eu sou muito chata, acredite.

Obviamente, chamei atenção. Tanto pro bem quanto pro mal.

Milhares de vezes eu sentia um olhar frio ou um pensamento escroto atingindo minha espinha dorsal. Mas eu sabia que estava correta, embora seja muito insegura com meu trabalho. Mas, se tem algo do que posso me orgulhar, é de que, nos quatro anos que estive em Chefia, desempenhei meu cargo de assistente com Maestria. Criamos Livro Ata de Chefia. Virei escrevente (nooooh, magina! ;) ). Exigi cada vez mais reuniões. Falava mais que o Chefe de Seção, a ponto de Marcelo muitas vezes me mandar calar a boca. Assumi a responsabilidade administrativa e burocrática, algo que me faz pensar por quê raios não enveredei para o Direito, como meus pais (ah, é, porque não tenho muita certeza se aguentaria ser advogada; exige ser forte demais e eu não aguentaria. Me conheço, sei do que falo).

Mas voltando.

Até mesmo no meu próprio grupo tinha essa coisa do olhar penetrante. Mas sempre me fiz de cega. Claro que doía, mas fingi acreditar que era tudo inveja.

Até que começou a degringolar...

O início do bafafá - parte 1

Logo que entrei no Grupo, algo chocante aconteceu: uma escoteira, no alto de seus treze anos, engravidou. No dia que começou o ano do grupo, ela me encurralou e me perguntou n coisas sobre camisinha, pílulas, etc e eu, na condição de chefe [e de mulher também], tirei todas as dúvidas dela. Me senti honrada de alguém vir me perguntar essas coisas. Ainda me sinto mas na época foi um choque muito grande, porque comecei tudo tarde: desde beijo a outras coisas.

Mas aí a guria engravidou e a culpa tinha de recair em alguém.

No cara que engravidou? Na guria, que não usou camisinha?

Não, na Deborah, que recém tinha chegado e tinha conversado com a guria.

Isso foi início de 2011, cujo ano eu tinha começado acamada, com vinte quilos a menos, porque não soube lidar com uma decepção. Mas isso é assunto para outro post.
Então lá estava eu, recebendo os olhares desaprovadores do tipo 'porra, você colocou os dois numa cama e disse: trepem'. Foi maravilhoso #sqn

A partir daí foi uma fofoca atrás da outra. Tentaram inúmeras vezes me trocar de ramo, o que eu recusei veementemente (tive que mudar muitas atitudes por causa disso mas até foi bom, me fez crescer um pouquinho ^^), tentaram me diminuir, o que eu não deixava e mostrava ao que tinha vindo, o que deixava neguin puto da vida. Mas lá estava eu. Firme e forte. Até o Bafafá da Merda.

O Bafafá da Merda

Sempre fui do tipo carinhosa. Se eu gosto de você, eu vou te mostrar (mas se eu não gostar, não chore por mim, docinho!). Não tinha como não gostar daqueles jovens, hoje quase adultos [muitos já adultos, g-zuis, estou velha!], e eles de mim; logo, surgiu um boato de que eu estava "passando o rodo em dois ramos".

Imagina a minha cara de cu quando meu chefe de seção veio falar na moral comigo, perguntando isso.

Era um acampamento e estávamos montando nossas barracas e, como sempre, ele me abordou em um tom simpático. Ele era um Chefe incrível, é uma pessoa maravilhosa e espero tê-lo na minha vida por muitos anos, tamanha a admiração que tenho por esse cara.

Basta dizer que chorei em silêncio a madrugada inteira, fora da barraca, no frio de nove graus, perto duma pedra gigante, que me mandaram ficar longe porque poderia ter cobra \o Foi horrível. Foi meu primeiro acampamento como chefe Promessada e eu passava minha primeira noite chorando porque espalharam um boato maldito nada a ver. E eu com Marcelo, tipo... super traí, né \o moral, pra quê!

O caso foi que um escoteiro me ligou, dizendo que tinha uma arma e que ia se matar. Larguei tudo o que estava fazendo e corri pra acudir. Como alguém diagnosticada, soube bem como ele se sentia e consegui evitar o pior. Hoje ele tá bem, foi um momento de fraqueza e acredito que nem sempre as coisas são perfeitas (muita gente, inclusive eu, precisa entender isso, mas enfim). Provavelmente alguém deve ter me visto entrar no prédio do moleque e feito alusões. Ou só quisesse sacanear mesmo.

Esse foi o Bafafá da Merda. Vamos dar prosseguimento ao que chamo de "Chefia Maldita"

A Chefia Maldita

A primeira aquisição de chefe mulher, após minha chegada, veio de outro ramo. Confesso que, no início, morri de ciúmes, mas depois de ver o trabalho dela, criei um laço enorme.  E, com a chegada dela, nos tornamos uma chefia FODA.

No sentido FODA mesmo.

Nossa tropa crescia [daquele jeito, mas crescia], nós éramos fortes e unidos e nossas reuniões viravam uma reunião de amigos que amam o Escotismo e querem o melhor.

COMO DEVE/DEVERIA SER, NÉ?

No início de 2014, veio uma outra chefe. Nós "aturávamos" porque ela veio pra fuder com nossa tranquilidade, o chefe de seção estava meio enrolado quando disse 'sim', ela não gostava do Marcelo nem de mim, a outra chefe também tinha uma rusga, aí já viu. Quando anunciaram no INDABA, puta que o pariu, entrei em convulsão de choro. Parti pro quarto e chorei o resto do dia, de tanto ódio. Já odiava a mulher em outro ramo; vê-la sempre agora seria um inferno.

Ela queria mandar mais que o chefe de seção. Chegava quando queria nas reuniões de chefia, na hora que queria e achava que aumentar a voz era a solução de tudo. A principal fala dela era "se não estão contentes comigo, eu vou embora", o que, na minha qualidade ''super pacífica'' na presença dessa criatura, era abrir a porta e dizer 'tchau'. Ela me olhava feio e eu sabia que ela ia me fuder. Afinal, sabe como é primeira-dama.

Mas enfim.

Começou numa atividade na casa dela. Eu já achei a atividade, de passar um filme num sábado de manhã pra uma penca de moleque de 12 anos, um SACO, mas foi voto vencido. No grito, diga-se de passagem. Mandei inúmeros e-mails pra chefia, sabe o que é inúmeros? INÚMEROS. Perguntando de lanche. Eu não era a responsável até o tal dia de manhã, quando deu treta e o chefe de seção não pode ir. E eu não sabia o endereço de cabeça. Foi erro meu, claro que sim. Não nego e dei minha cabeça quando o marido dela, vulgo meu EX APF, resolveu perguntar minha opinião da atividade na casa deles. Minha cabeça por coisas que ela também deveria ter opinado... mas...

Leu bem?
Na casa deles.

E nisso incluiu a outra chefe, que não o tinha como APF e achou uma afronta. Tentei ser imparcial, enquanto Marcelo, desmedido, foi lá e falou mesmo. Não condeno ele. Claro, fiquei chateada, mas namoro lá fora, trabalho aqui dentro. Aprendi isso na marra.

Ele veio com tanta coisa sem cabimento, quando grande parte dos erros mencionados era da esposa dele. A chefe também. Que, de repente, virou uma santa, e toda a nossa capacidade de chefiar uma Tropa virou lixo.

A raiva que senti naquele dia, quando li o email, foi tão grande, que soquei a tela do computador. O netbook nem existe mais depois desse dia, porque tá destruído. Ele tá lá em cima do armário e não tô com cabeça de pegar a escada e descer só pruma foto.

O meio do bafafá - parte 2

Ainda assim, tentamos o convívio. Caralho, nunca tentei tanto algo na minha vida e olha que sou eu!

É de parar o post pra pôr a mão no rosto e pensar 'caralho!'. Porque foi bem assim.

Bom, enfim.

Depois de muito persistir e unir um grupo pra isso, finalmente conseguimos abrir um outro Curso Técnico de Ramo. Minha meta inicial era o Anel de Gilwell e, depois, ser da Eqfor (sempre que falo isso me chamam de maluca. Talvez seja porque sou professora, talvez?)

Então lá foi Marcelo e eu, animadíssimos pro CTR, eu empolgadona porque era o que faltava no meu amado Gilwell. Só que é aquilo: mesmo aprovado, você precisa da homologação do teu apf. E quem era o apf da molonga aqui? Pois é.

Eu sabia que ele ia me encurralar e assim o fez. Me fez n perguntas, sobre atividades e tal e eu respondia. Depois da atividade na casa dele, soltei o verbo mesmo e foda-se, falei. E é por isso que não consigo estágio pra Jornalismo - eu não acredito em imparcialidade, nem quando é bolinha de gude. Eu não sei mentir.

Eu já tava ficando puta - porra, cadê meu Gilwell? Mas nada pro Marcelo também. Até que o apf resolveu dar tarefas para nós. E a minha era levar a administração e burocracia da Tropa.

Você pode me chamar de chorona, dramática, suicida, depressiva, o caralho a quatro, mas NUNCA subestime minha capacidade de Organização e Administração. Nunca.

Estava tão furiosa com as tarefas esdrúxulas que peguei uma mala (sim, você leu: MALA) e enfiei tudo o que tinha: todo o material de 2011 a 2014. Inclua tudo: autorização de TODAS as atividades, INCLUINDO as assinadas pelos pais, livros ata, livros de presença, manual de progressão [método que eu recém tava inserindo e tava dando super certo], livros impressos, guias, tudo; incluindo as músicas das patrulhas em Grandes Jogos [eu guardo isso - me faz lembrar de que, mesmo tendo tanta gente que me odeia, teve jovem dando pulinhos ao chegar na base e ver que eu estava lá].

Quem leu Harry Potter e a Ordem da Fênix, deve lembrar que há uma cena onde J.K Rowling fala de Umbridge ter cheirado 'palha-fede'. Foi a cara que recebi quando subi as escadas com cinco quilos de documentos naquele sábado. Ninguém sabia o que tinha naquela mala. E tudo que recebi foi um 'pra que serve o POR?" e uma rápida folheada nos livros POR ALTO.

Sair de Vila Isabel com cinco quilos dentro de um ônibus, saltar, pegar outro, pra me perguntar POR é sacanagem...

O Acampamento do Choro

Esse foi o acampamento mais bonito que já tive e ok, tive em poucos rs Mas também o mais problemático.

Planejávamos um acampamento pro feriadão de Abril de 2014 - seriam cinco dias de puro escotismo. Vi as autorizações, mesmo estando distanciada por alguns problemas, mas a Tal chefe brota com um 'conheço o lugar perfeito'.

Beleza. Recolhemos a cota [que foi cara, diga-se de passagem ><] e lá foi Marcelo, eu e três monitores pro Centro do Rio de Janeiro comprar coisas. Frigideira, fogareiro, essas coisas todas. Com essa onda de que o bujãozinho não pode mais, foi um inferno entender a mudança, mas ele é das Técnicas Escoteiras. Sou só Administração xD

Faltando uma semana pro dito acampamento, estava numa van com Marcelo, rumo a um casamento, quando ele me dá a notícia de que NINGUÉM tinha ido ver o local do acampamento. Não sabíamos se era longe, perto, locais de socorro, tipo assim... nada. A Chefe Fofa tinha dito que, com companhia, ela até ia, mas sozinha, não rolava. Soltei um palavrão altamente escroto numa van cheia de evangélicos, só para ter noção. Ainda assim, liguei pra Chefe Fofa e disse 'vamos'. Marcelo titubeou um pouco mas foi.

O local não tinha no mapa, não tinha placa, não tinha porra nenhuma. Paramos quase em Minas Gerais e no Espírito Santo. Eu ligava pra Tal chefe e só dava fora de área; pro marido, o mesmo. E foi na base do ""quem tem boca vai a Roma" que achamos.

Só que o caseiro não estava.

Aí eu explodi.

Primeiro eu xinguei a mulher de tudo. Depois soquei o muro de madeira [e me arrependo até hoje porque tenho uma cicatriz no nó da mão esquerda] e assumi uma responsabilidade que me perseguiria pro resto da vida [mesmo estando ok]. Marcelo e a Chefe Fofa me seguiram, porque não tínhamos escolha e eu não tinha me deslocado de casa e perdido meu domingo pra nada. Não ia deixar as crianças na mão. Era um feriadão que há muito não tinha, né?

O mato tava altíssimo, tinha suspeita de cobra, cacete, só de lembrar a raiva volta. Mas enfim. O caseiro foi super solícito, foi simpático, perdoou minha intromissão e nós tornamos amigos rs tanto que, no tal acampamento, ele vinha falar direto comigo xD

Voltamos pro Rio, a Tal chefe deu um piti, eu dei uns berros com ela e ela calou a boca. Eu não sei nem falar alto, tenho essa voz de princesa da Disney, então imagine alguém puta. Era eu.

No dia anterior do acampamento, a Tal chefe disse que não ia porque a mãe estava no hospital. Um lado meu gritou 'e avisa agora às onze da noite, porra!' mas o outro entendeu. O bom é que recrutamos um pai que era da Diretoria, outra pessoa fantástica, que vai morar pra sempre no meu coração.

No dia, caraca... demos a volta na montanha, porque a única localização que tínhamos era uma obra e já tinha sumido. Demos. A. Volta. Na. Montanha. Você leu certo. Duas horas e meia A MAIS por causa disso. Isso porque meu GPS mental tinha decorado o trajeto [me orgulho disso, chupa! rs]! Mas tudo bem.

Embora o choro inicial de problemas com local ter passado, foi divertidíssimo. Tivemos problemas a  beça com os jovens, putz [e esse saiu da boca mesmo]. Formamos a formosa Patrulha Panda [o jogo mais em cima da hora que uma chefia poderia criar: viramos uma patrulha toda disfuncional e eles tinham que avaliar nosso campo. Eu era a monitora certinha, o que combinou, mas nossinhora, até guardei o bastão que fizemos. Marcelo rasgou um pano de chão e desenhou um panda nele, cujo lema era "Paciência" - coisa que não tinha na nossa patrulha - e prendemos com sisal num pedaço de tronco que tava no chão], e fiz um jogo no Fogo de Conselho. Eu não lembro direito como era, mas era algo com sisal, união [a Tropa tava brigando muito e muitos chegavam e outros muitos estavam partindo], aprendizado... sei que até teve chefe chorando. E foi lindo mesmo, porque ficamos até o fogo apagar contando estórias, dividindo coisas. Foi emocionante. Foi um momento que revi a gente, a nossa chefia. A chefia Foda.

Mas aí, tinha que vir o Penúltimo Bafafá - As contas.

O penúltimo bafafá - as contas

Organizamos todas as despesas num papel. Algumas vezes tínhamos de ir até a cidade, por conta de uma emergência, mas aí, ok.

O caso é que gastamos mais que a cota e especulou-se que estávamos roubando as crianças.

Sim. roubando.

O caso todo foi uma conta batida errada e deu o trelelé todo. Aff, que merda que deu. Eram noites intermináveis de insônia, que eu contava e recontava contas, e Marcelo da casa dele, também recontando. E nada batia.

O Grande Jogo - Parte 1

Não é o evento, mas sim um dia especial de comemoração com a família.

Começou porque, como tava tudo muito em cima [erro deles, não nosso], muitos jovens não foram. E assumi acho que quatro jovens e suas respectivas famílias. Não curto fazer decisões sozinha, então cutuquei o chefe de seção e a Tal chefe. O primeiro estava fora do Rio, então foi mó complicado e não tínhamos tempo a perder; a segunda... enfim..

O caso é que não foram. Aí o apf barra presidente deu um esporro, o que não tiro razão, mas ele falou uma porrada de coisa sem noção, tipo que tinha jovem reclamando de nós e que a evasão de alguns era por nossa culpa. Nossa, digo Marcelo e eu.

De novo, fui dormir péssima naquela noite. Porque eu via os jovens nos adorando e curtindo e pensava 'pombas, eles gostam de nós' e receber um 'tem jovem odiando vocês', coisa que NEM O CHEFE DE SEÇÃO SABIA DIREITO.

Enfim, chegou o tal dia. Teríamos que pagar pelos que não foram, mas aí ok. Se pah até pagaria tudo. Mas como tudo não me desceu redondo, não paguei e não pagarei até um pedido FORMAL de desculpas.

O Grande Jogo - Parte 2

Íamos distribuir condecorações naquele dia. Por conta de um problema no tal acampamento, seguramos um cordão. E um certificado.

Condecoramos quem tinha quem tinha que ser e acabou.  Era justo do filho do Diretor Técnico.

Aí começou outro boato, dizendo que as meninas que ganharam cordão não queriam mais usar até que o menino fosse entregue, que elas choraram a noite toda, etc.

Foi um erro nosso. De comunicação. Engraçado, a gente não tinha problemas com isso até 2014. Era tudo tão redondo que um completava o pensamento do outro... *insira um emoticon revoltado e irônico*

Na outra semana, perante o grupo todo, entregamos o cordão. Assumi o erro porque foi meu mesmo, mas sem querer puxei quem não devia comigo, mas a Tal chefe não se pronunciou, só apontou dedo. Pessoalmente, falei com menino, pedi desculpas, e tal. Mas o que chegou aos meus ouvidos é que tinha causado 'um  grande trauma a ele e, por nossa culpa, ele não iria tirar Lis de Ouro'.

O final do bafafá - parte 1

Um belo dia, a Diretoria nos chama: presidente, financeiro e acho que administrativo [sei lá e nem quero mais saber também]. E nos jogaram isso tudo aí. Especialmente o fato de que uma das meninas que ganhou cordão não recebeu o maldito certificado e que seríamos expulsos por conta disso.

O motivo era basicamente: não queremos mais vocês, vamos dar uma desculpa toda elaborada e foda-se.

Controlei muito o choro naquela noite. Meus pais me ensinaram a nunca responder os mais velhos mas ficar ali sentada, sem poder gritar em minha defesa, me emputeceu. Ser acusada de n outras coisas nada a ver, foi ainda pior.

Fui extremamente sincera ao dizer que eles não honram à Promessa que fizeram; que não respeitam o Lema que é universal. E que, principalmente, não tinham moral ALGUMA pra se entitularem Escoteiros. Eles abriram a boca pra revidar, levantei e fui embora. Dois minutos meu namorado veio atrás.

Tinha aula pra dar no dia seguinte e desmarquei porque eu não tinha condições de levantar da cama. Você passa quatro anos escutando que foi pedófila, que roubou e isso vindo de gente que DEVERIA estar tentando transformar o mundo em um local mais legal. Show. *THUMBS UP*

E antes que pergunte, nem me dei ao trabalho de processar. Meu pai ficou injuriado, me pediu organograma e tudo mas eu tava tão cansada e ele também tava de má vontade, então deixei de lado.

É muito foda você ter as pessoas te olhando, te analisando, como se você fosse um assassino em série, quando tudo o que você queria fazer era contribuir pro crescimento de todos.

Super meio

Demorei um bom tempo até engolir. Na verdade, isso ainda não me passou pela garganta, motivo pela qual tô aqui escrevendo.

Nos meses que se seguiram, vi meu namorado, escoteiro desde os 5, entrando na maior bad que já vi, e eu sem rumo. Ir na Região pra mim era usar maquiagem de palhaço e sentir as pessoas rindo de mim pelas costas. O presidente é da Região, o Diretor também, então imagina.

Até que decidi entrar em outro grupo.

Altamente precipitado e algo que eu não deveria ter feito tão diretamente. Mas achei que ia suprir minha carência.

E foi aí que me dei mal.

Início - parte 2

Envolve todo um por quê quando se muda de grupo. Obviamente, quiseram saber por quê eu tinha saído do anterior e foram falar com o presidente. Soube depois que a Diretora Técnica do atual ficou com os dois pés atrás comigo, e te juro, até hoje não sei por que. É até engraçado porque ela parece evitar falar comigo então eu que corro atrás dela...

Entrei numa chefia oposta a que eu tinha e isso me pesou muito. Enquanto na outra era dividido, cada semana um fazia a reunião, era tudo centralizado no chefe de seção. No início foi um inferno pra entender e até hoje não entendo, mas foi assim e pronto.

O grupo não parecia funcionar sem ele ou o presidente e via a diretoria confusa e desesperada. Já falei e devem ter me achado louca de novo. Acho que, por menor que você seja, você aprende isso nos cursos. Você os faz, não pra ter um Gilwell, mas pra administrar. Não era o que eu via. Então me incomodou muito.

Coisas que aprendi e tentei comentar e/ou incorporar, ou foram abstraídas ou solenemente cagadas. Então... *ombros*...

Depois que renovei a promessa e vi isso tudo acontecer que percebi minha precipitação. Foi patético, foi horrível. Mas estava comprometida e eu não sou do tipo que deixa os amigos na mão. Me desvencilhar da chefia foi um terror. Ora eu dizia que ia sair do Escotismo, outras que não dava mais e precisava de um tempo...

A Assembleia

Minha primeira motivação foi ter sido convocada a ser diretora de comunicação. Só que é mais difícil do que parece, porque só cobram mas ninguem vai lá e 'tcham', vamos fazer. Cobrar é mole!

Aí veio a Assembleia.

No outro grupo, eu era suplente, mas tinham me colocado um terror, dizendo que só os 'eleitos' podiam ir e tal.  Não lembro a treta no Novo mas numa noite eu era eleita e de manhã era ouvinte.

Minha alegria de ir numa Assembleia Regional foi tão absurda que, pra variar, eu não dormi, de tão empolgada. Eu ia ver uma porrada de gente que há muito não via, gente eleita, de grupos distantes, poxa, é bom, né?

Até saber a fileira que estava atrás de mim: a galera do antigo grupo. Tipo.... uma galera mesmo. Me botaram tanto medo, dizendo que eu não podia ir, agora tinha uns dez lá. Me olhando feio, a parada da espinha.

Entra agora um fator mais administrativo e burocrático, o qual não vou me estender, mas que posso dizer que achei o cúmulo da cretinice. Como, uma instituição, pode gastar mais 70 mil em carro? Ah, fiquei puta. e comentava com minha amiga, que é presidente dum grupo. Conheço desde 2008, adoro ela rs

O pessoal do antigo grupo tava furioso porque eu tava ali, especialmente porque pioneiros deles, que foram meus escoteiros, vieram me cumprimentar. Era demais pra eles. Então parecia que não viam a hora de me encher de porrada.

Acerca de discussões acaloradas referentes a financeiro, que achei abusivo pra cacete mas não podia votar, fiquei pensando, putz, faço parte disso? Uma entidade que um quer falar e aparecer mais que o outro, crescer pra cima do outro [porque o presidente do antigo quase voou na minha amiga quando ela foi contra ele], cujo financeiro tava alto pra cacete por motivos que eu julgo patéticos?

Saí de lá feliz de ver meus amigos, muito atacada de alergia pelo excesso de pipoca que comi e não deveria e divertida porque o antigo grupo tava puto em me ver ali... mas com uma sensação ruim, de fazer parte de qualquer coisa... menos escotismo.

Presidente que não usa vestimenta/uniforme numa parada séria dessas.... sei que é patético mas é uó, né? Todo mundo teve trabalho pra estar trajado corretamente e ele desleixado? Porra!!

Grupos do mar e do ar sem voz, tipo oi? Não tem algo errado?

Entrar no quesito 'ser ateu' em assembleia também, por Deeeeeeeeus! *mão na testa* Foi feita uma atividade de espiritualidade, que, particularmente, achei incrível, porque não envolvia religião e sim fé, e nem por isso falei do chefe de um grupo aí que era um absurdo não focar em religião porque era assim que espiritualidade era feita! É uma das razões que queria entrar na Eqfor. Há coisas que precisam de melhores explicações, IMPARCIAIS DE VERDADE, mas ainda polêmicas, tipo isso... mas enfim. Dizer que ateu não deveria nem ter um lenço, no meio de uma assembleia, me fez virar o pescoço num ódio tão desmedido que te juro... ah, meu auto controle pra momentos que eu deveria chutar o balde!

O princípio do fim - a saga

Avisei que ia sair da chefia e ia ficar só na comunicação. Só fui a uma reunião esse ano como chefe e ainda assim avariada porque tinha arrancado siso então estava vendo gnomos.

Meu propósito é fazer o site e 'ralar'. Mas tá dificil. Aos que me cobram, eu falei já o que tinha que ser feito, mas nada é feito. Me dei o prazo de final de junho. Se nada mais brotar até lá, tchau e benção.

Algo que também faz parte disso é que soube que o Novo quer a sede do grupo da Amiga e quase que na marra. Achei isso desrespeitoso. Hoje de manhã, 'acordei' com a mensagem de 'tá pronta a carta pro grupo x?' no estilo 'vamos fuder vocês e sai que é nosso', sabe.

Eu tava até procurando host pro tal site, desliguei o pc e o telefone porque fiquei enojada.

Entra de novo a pergunta: isso é escotismo?

A opinião final

Me doi horrores fazer isso, tipo, dói pra caralho. Mas sinto que é minha única saída. Já me falaram em outro grupo, outros cargos, mas não se conserta um fruto podre pela casca e sim pelo adubo. As coisas que vivi e continuo a tentar sobreviver me desmotivaram como um balde de água fria num princípio de fogo. Meu afã, minha alegria, se reduziu a pó.

Eu não faço as coisas pela metade. Eu não amo pela metade. Eu me entrego de corpo e alma. E foi assim com o Escotismo.

Muitas vezes escutei dos meus pais que eu devia mais atenção à minha vida do que só escoteiro. E hoje, me vejo numa posição que concordo.

Há coisa de um ano, se você dissesse a mim que eu estaria fora, eu entraria em colapso, o que eu quase fiz. Mas hoje, seria quase uma graça.

É tanta gente duas caras, mentirosas, falso moralistas, levando algo tão bonito pro lixo, que dói na alma.

Outro propósito meu era chegar a, um dia, ser presidente da Nacional, mas se até com o Gilwell desencantei, se até o sonho da Eqfor foi mutilado, imagina ser da nacional!




Pronto, falei. Eu precisava colocar em algum lugar pra poder ler e reler e tentar ver meus erros por todos os ângulos possiveis. Eu os vejo, atirando nos meus olhos, os compreendo e hoje sei que fiz muita coisa por precipitação. É um defeito a ser corrigido. Mas também fiz por uma chaminha de amor, acendida lá na infância e assassinada em 2014.


0 comentários: